Que nada nos limite. Que nada nos defina. Que a liberdade seja a nossa própria substância. (Simone de Beauvoir)
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Amém!
- Tati Bernardi.
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
Bidê ou Balde
Eu gostava de um menino. Gostava bastante!
E gostava de gostar dele. Achava tudo nele incrível, seus
desenhos, seu jeito burro, suas piadas sem graça. É claro que era a paixão. Mas
ele era tão bom, tão acessível, tão tudo!
Eu, com esse meu jeito grosso e ácido, sempre hesitando
me entregar, me vi embasbacada por um menino que eu jamais imaginaria gostar. Mas
o que as pessoas não entendem é que grosseria também é carinho. Minha maneira
de demonstrar afeto era sendo insuportável. Reconheço que não era uma boa
tática, mas nem por isso era menos válida.
Mas com o tempo, aquele sentimento todo que eu nutria,
foi passando. Diante dos acontecimentos, algumas coisas não ficaram tão claras
quanto eu gostaria. E o que eu realmente gostaria era ter deixado de gostar
dele. Ter entendido que aquilo tudo não era o que eu realmente queria. Mas querer
nem sempre é sinônimo de realizar, e eu não consegui deixar de gostar.
E foi assim durante muito tempo. E conforme esse tempo
passava, eu começava a idealizar um personagem que eu construía em cima daquela
figura que eu, um dia, tinha conhecido. Sim, eu praticamente desandei na
bananinha.
Mas nem tudo é chororô. Certo dia, topei um encontro com
o digníssimo, e descobri que ele já não mais era aquele lindo e amado, besta e
bocó que eu havia me apaixonado. Vangloriando-se de bebedeiras e brigas em
portas de bares, desconheci aquele que julgava um dia ter conhecido tão bem. E a
partir dali, todo aquele congá que eu havia construído, foi esmorecendo.
Com esse choque de realidade, temi – e até achei por bem
- acabar com aquela ideia utópica que eu
havia criado dele... Mais do que acabar com essa ideia, eu queria mesmo era
acabar com esse sentimento escroto que teimava em permanecer aqui dentro, vivo.
Mesmo cansada de saber que ele não valia a pena, eu não conseguia deixar de
querer.
Foi então que um belo dia, eu caí na real. Eu nunca
deixarei de gostar dele. Falo dele, especificamente porque me marcou, mas isso
vale para todos que um dia passaram por mim. Não há como ignorar esse
sentimento existente. Então, descobri com bidê ou balde que será sempre amor.
Mesmo que acabe, mesmo que mude, mesmo que alguém esqueça o que passou. O amor
vai estar aqui. O que preciso fazê-lo é deixá-lo de lado, e dar espaço para que
um novo possa vir me encantar novamente. Mas apagá-lo, já entendi que não
conseguirei...
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