terça-feira, 31 de março de 2020

11º Dia

Ao longo desses meus quase 30 anos nem nos meus piores pesadelos eu poderia imaginar algo tão catastrófico e desastroso como essa pandemia. Ficar enclausurado em casa, sem poder sair, com medo de uma ameaça invisível. O mundo parou!
Não há trabalho, poucas pessoas na rua. O capitalismo vive sua pior crise. E a recessão econômica que viveremos não está no gibi.

Estamos diante de um cenário bastante assolador. 

Mas, ainda bem que nessa vida sempre tem um Mas. 

Acho que, apesar de tudo, essa pandemia trouxe novos olhares. Senão sobre os outros, sobre mim. 
Me forcei a olhar para mim, a trabalhar meus medos, dialogar com eles. 
O mais difícil desses dias é ter que entender que ao mesmo tempo que dependemos do convívio em sociedade - e sentimos muita falta deles -  precisamos, antes de tudo, dar conta da gente. 
Nos últimos dias as reflexões têm sido inevitáveis, assim como os questionamentos: 
Sobre amores, sobre quem queremos bem, sobre perdas, sobre os caminhos a seguir em frente. 
Tem sido um turbilhão infindável. 

Confesso que tinha medo do que poderia resultar tudo isso, afinal, quando a gente se confronta é um tanto inevitável ~colapsar (essa palavra tem andado na moda nos últimos dias). 
Mas (sempre o mas) as coisas têm andado bem. O período é de introspecção, mas muito bom. 

Tenho me (re)aproximado da minha fé.
E percebido a necessidade de exercitá-la. Não da pra gente perder isso de vista nunca.
Buscado entender qual meu papel no mundo diante disso tudo, mentalizado coisas boas. 
Tenho feito o exercício de pensar em coisas boas, de buscar alento nas palavras e nas pessoas. 

A quarentena me fez parar, respirar, olhar pra dentro para que possa refletir lá fora. 
Modesta parte, eu sei que sempre fui uma pessoa solidária e empática, mas tenho percebido que o mundo precisa mais do que isso.
Ainda há muita confusão acerca disso. Ninguém sabe quando isso vai terminar, quanto tempo vai durar. As incertezas são muito fortes. 

Que essa pandemia nos faça buscar dentro de nós a cura pro mundo, a cura pra nós mesmos.
Que tenhamos força e sabedoria para seguirmos em frente. 
Que sejamos luz durante esse período de escuridão.

domingo, 29 de março de 2020

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O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que passou fome. A fome também é professora. 

-Carolina Maria de Jesus- quarto de despejo 

segunda-feira, 23 de março de 2020

o caos

Quatro meses sem aparecer por aqui, parece que fazem anos...
As notícias não são boas nem animadoras. Presenciar uma epidemia, ver o mundo todo em quarentena, o pânico instaurado já é, por si só, ruim.
Adicione nisso tudo a questão de um presidente lunático, higienista e protecionista de grandes empresários.
Esse é nosso cenário. Caos é apelido.
Nunca senti tanto medo do que está por vir. Nunca pensei que algo nessa magnitude fosse acontecer. Penso que uma guerra traria menos incerteza do que tudo isso.
Manter a cabeça sã e no lugar é o mais difícil, diante desse cenário.
Temo pelos meus, por mim nem tanto. Mas sei que as pessoas que amo estarão diretamente afetadas.
Ficar longe de todos já é ruim o suficiente. Pensar que eles sofrerão, é pior ainda.