quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Concerta!



Há um certo tempo comecei a tomar o remedinho adestrador.
Eu mesma que pedi. Já estava ficando zureta com as duas faculdades, grupo de estudo, projeto social, curso de línguas, vida social assim, tudo ao mesmo tempo.

E... Essa coisa deixa muito pilhada!
Já percebi que nos dias que eu tomo, de fato fico muito ligada. Eu sei, é a função do remédio. Concentração à mil!
To feliz com a produção. Percebo que produzo muito mais análises sobre conteúdos do que antes. E isso eu acho fantástico.
Em contrapartida, eu ainda tenho uma certa dificuldade em focar. Penso, produzo, discuto. Mas não consigo aquietar a bunda e ler. Ok, não me empenhei pra isso ainda, é bem verdade...

Me sinto tão elétrica que em alguns momentos chego a ter medo de ter uma taquicardia.
Mais louca do que o normal, se isso é possível.

sábado, 9 de agosto de 2014

Reflexões de uma sexta feira a noite.

Passeando por um shopping de classe média alta, observando aquelas vitrines impecáveis.  Muitas luzes, muito glamour, muito perfume bom.  Aquelas pessoas bem arrumadas, portando bolsas caras, smartphones caros, roupas caras, pessoas lindas, que mesmo após uma semana exaustiva ainda estavam bonitas e bem apresentáveis em um passeio casual numa sexta feira à noite.

Passando o olho rapidamente por aquelas vitrines, e as muitas cifras que elas apresentavam, comecei a me questionar sobre essa sociedade de consumo na qual estamos inseridos e é tão difícil romper. Enquanto passeava me peguei tendo vontade de comprar inúmeras coisas que eu não precisava. - Ok, até aí você sabe que isso é a ‘lógica do mercado’, nós precisamos consumir desenfreada e inconscientemente.  Eu realmente admiro como ‘eles’ (não sei bem ao certo a quem devo denominar de ‘eles’. Mercado? Marketeiros? Sistema Capitalista Comedor de Criancinhas?) fazem você sentir necessidade daquele produto, e de como sua vida será infinitamente triste se você não adquiri-lo, mesmo que ele  custe praticamente todo o teu salário de estagiária.

Acontece que durante a tarde eu tinha participado de um círculo de pedagogia social, e a discussão que havíamos originado em sala ainda não tinha cessado na minha cabeça. E eu só conseguia pensar e me indignar com as muitas realidades que estávamos estudando, e como elas não cabiam ali! Como aquelas roupas lindas e impecáveis não foram feitas para qualquer um vesti-las. Como aquele perfume delicioso no ar não podia chegar ao olfato de todo mundo. Porque o mundo bonito e bem iluminado não é para todos. Ali é só um nicho muito, muito pequeno que pode adentrar. Alguns nem podem, mas fingem poder porque estar ali é pertencer a um lugar bom e bonito. E todos querem participar e aparecer, mesmo que digam o contrário.

Continuei caminhando e observando. Parei para jantar, e nesse meio tempo uma criança de uns quatro ou cinco anos, trajando um uniforme bem (y) quisto socialmente (y) chorava e esperneava que não queria sentar na cadeirinha. Meu ímpeto foi ficar brava com aquela manha (não tenho filhos e não tenho paciência pra criança mimada. Não me questionem porque estou fazendo pedagogia, por favor!), então prestei atenção na situação que ocorria: a criança queria a todo custo deitar no carrinho –que era da McLaren, por óbvio . Ela estava pedindo praticamente pelo amor de deus pra dormir. O pai tentava distraí-la com a mão livre, enquanto a outra ele mexia no super smartphone, pra verificar o feed do facebook (sim, eu prestei bastante atenção no que ele estava fazendo).

Aquilo me fez ficar mais puta, e refletir mais ainda sobre essa sociedade malditinha que estamos vivendo. Queria poder fugir do óbvio e não falar que nos preocupamos apenas com o ter e não com ser. Mas não consigo. Me vem um turbilhão de perguntas que todos nós conhecemos, mas não nos importamos verdadeiramente. Ainda com o gancho da pedagogia social e o público a qual ela é voltada, fiquei me questionando se aquela realidade daquele shopping era de fato a mais feliz.

Se aquelas pessoas que podiam de fato estar ali consumindo conseguiam viver felizes e tranquilas sabendo que atravessando a rua elas encontrariam pessoas que vivem um mês com o preço que elas pagariam em uma camisa de alguma das muitas lojas de grifes.
Se, e, porque é necessário consumir daquele modo tão desenfreado?
Será que aquele pai está de fato dando o melhor para a sua filha? Será que ela precisava de tudo aquilo?
Será que aquela senhora gentil que me atendeu na lanchonete não se revolta de adentrar todos os dias num mundo tão maravilhoso como aquele, e não poder ter acesso a ele?

Eu queria muito entender esses questionamentos. De verdade. Queria poder entender os motivos que fazem o ser humano viver nessa competição enlouquecida, essa ambição desenfreada. Entender como que as pessoas não se importam com as outras.

Tenho certeza que surgirão comentários aqui falando ‘eles trabalharam arduamente para poderem consumir aquelas coisas ofertadas naqueles valores’. Podem comentar, mas vocês sabem que eu não concordo nem acredito com esse ponto de vista.

Sinceramente, queria entender como que essas pessoas conseguem viver em um mundo sem amor ao próximo, sem solidariedade, sem empatia. Entender em qual momento da vida nos tornamos tão egoístas. Há quem diga que as pessoas são más por natureza e só pensam em si mesmas, que eu quem sou uma maluca utópica indignada por ‘pouca’ coisa.
Pode até ser.
Mas pra mim é inconcebível viver numa sociedade que funciona desse modo.