sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Onde vivem os monstros



http://m.youtube.com/watch?v=3OTDR63kqkQ

E você, como tem cuidado da sua ilha?

Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é...

Você cuida pra levar a vida sem desafetos nem desamores. Se esmera pra que tudo dê certo, ser uma pessoa correta e feliz. Que busca o bem pros outros, procura sempre ser agradável e fazer o máximo de coisas que possibilitem uma melhor sociedade.
Ao longo da vida, você toma tapas na cara, rasteiras e por várias vezes perde o chão. Fica desnorteada quando perde o referencial. Quando se vê longe da família, mesmo que com idade tenra, tem que aprender a se virar por conta. Aprender que pedras no caminho sempre tem. Tomar atitudes de gente grande, quando tudo o que se quer fazer é chorar feito criança. Mas você não pode, você não tem mais pra quem chorar. 
Você é pequena, e te culpam por coisas que você nem mesmo entende. Mas não tem sangue de barata. Você grita, xinga, enfrenta. Pois foi assim que você cresceu vendo, e foi assim que você aprendeu a se defender. Aquela raiva aparente, segurança no mundo, pra não demonstrar fraqueza e solidão. 
Então, pela graça de força maior, alguém te estende a mão. Te da carinho. Te mostra que não, você não é maluca, e não tem culpa do que sempre achou que teve. É a hora de você juntar os caquinhos do que sobrou e se reerguer. Aprendendo a fazer isso, no auge dos seus 16 anos. Uma menina tentando tomar decisões de gente grande. 
As feridas se fecharam, mas as cicatrizes sempre estiveram ali, pra mostrarem como foi difícil um dia. A vida passa, e você sente falta daqueles que um dia chamou de seus. Afinal, você aprendeu que eles são a família. E goste ou não, você os ama, e muito. 
Mas agora você é moça feita, que levou lambada, e se criou da maneira mais correta que pode. Você busca se equilibrar. Mas a balança sempre esteve desequilibrada. E cada vez que você pende pra um lado, o outro fica a mercê. 
É uma linha tênue, pois ainda insistem em jogar a culpa em ti. Ainda a ferem com palavras e gestos que você continua sem entender. 
Mas tudo isso é injusto, pois eles nunca tentaram -ou se preocuparam- em te entender. Foi sempre um mundo egoísta, que só pensa em sua individualidade. Que só pensa em sua própria dor. Mesmo eles sendo pais, mesmo eles tendo que darem exemplos e ensinamentos, eles só conseguem te culpar por coisas que você não consegue explicar. 
Te chamam de vendida, viram as costas, são cruéis. Não pensam que você é frágil, tem anseios e medos. Que você nunca teve a referência necessária pra conseguir se orientar. Eles não vêem a culpa que tem. É mais fácil e cômodo te repudiarem. Na primeira oportunidade te ofendem gratuitamente. 
E você, babaca, sofre. Sofre por não entender a falta de amor, ou seria amor demais? Sofre porque em toda a sua vida sempre sentiu essa angústia, esse vazio. 
Você sempre tentou fazer tudo certo, mas deu tudo errado. 
Crê na sua intuição, e vai por conta. Porque não sabe o que fazer pra reverter aquilo. Afinal, a situação só mudaria se todos fizessem a sua parte. 
Enquanto o tempo passa, você vai tentando acertar. Na esperança de que uma hora você se equilibre.