sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Admirador

Quase meia noite Olho pela janela, distante As luzes cintilantes Sem sossego, irrequietas Como meu pensamento Como minhas pernas Sempre em movimento Furtiva seja a filosofia Agarro-me a poesia Há quantas de você la fora? Só há um exemplar aqui dentro A qual eu conheci outrora Ainda há outro advento? É uma piada dos deuses? Quanto vale tal graça? Dos deuses e a sua O tempo logo passa E a minha busca continua Há quantas de você la fora? Buraco de minhoca Deve haver um caminho E universos paralelos a esses Não estamos sozinhos Realidade paralela Há outra de você la fora E deve ser tão bela

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Terminei Indo...

Eu já sei caminhar em tantas nuvens
E posso visitar de vez em quando o chão
Do alto do parque, por cima das árvores eu vejo você

Antes de bater o vento eu já pensava em voar
Antes do sol clarear eu desapareci
Por cima dos prédios, estrelas vermelhas não brilham no céu
Eu sou das ruas de qualquer lugar
Existo sempre que você pensar em nós
Não tenho tempo pra guardar recordações
Mas o tanto que eu levar de você
Eu deixo um pouco pra me misturar
E não descanso pra você dormir

- A Banda Mais Bonita da Cidade -  

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

"Afinal, a minha presença no mundo não é a de quem a ele se adapta.
Mas a de quem nele se insere.
É a posição de quem luta para não ser apenas objeto, mas sujeito também da história."


quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Blue.

Tive a certeza que te queria.

Só no olhar, no fulgor, no tremer das pernas.
Vendo seu nariz reto, seu sorriso, e aquele teu jeito que tanto me encanta.
Acho que foi isso que você fez comigo: encantamento.

Não há explicação para o razoável, se não essa.
Eu desejava você, com todos os teus trejeitos.
E você ali, perdido na imensidão da cachoeira, fingindo ser blasé, alheio à minha pessoa.
Como se fosse natural estar no mesmo lugar, sem querer estar.
Eu não mais estava ali.

Meu coração palpitava, a respiração quase parava, de tão rápida que pulsava.
Senti-me nos saudosos 15 anos.
E você sabia que tinha controle de toda aquela situação.

Do alto do seu sadismo e todo o poder que eu tinha te dado sobre mim
Você ria.
E estava além da minha pessoa. Eu não existia para você.
Será que um dia existi?

Não sei mensurar em que ponto da minha vida perdi o domínio sobre mim. Ou em que determinado suspiro deixei você tomar conta do que era meu.
Só sei que me vejo sem chão quando você toca meu ar.
E passa o tempo, a mensagem sem resposta, já sendo uma resposta para minha mensagem...
E eu sigo na aflição, que hoje já dá lugar à tristeza.

Logo menos vai virar apenas história... e eu espero que não demore.
Desejo também que o desejo por ti seja cada vez menor, e dê espaço para o ranço que você merece.
Não quero a raiva. Quero o desprezo pela tua babaquice e toda falta de respeito que permiti comigo.

Você me tem, é verdade.
Mas aos poucos, vou me recuperando de ti.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

'Matei-a porque era minha'.
Como se fosse realmente parte de seu direito de propriedade o de aniquilar a mulher que a sorte (vida) lhe deu.
Nenhum macho ou supermacho que seja, nem o mais valente de todos, se anima em dizer que a verdade não é essa.
Nada a ver com 'matei-a porque era minha'. Na verdade, deveria confessar: 'matei-a por medo'.
Porque a violência do homem é o espelho do medo do homem de uma mulher sem medo.

Eduardo Galeano

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Leminska que passa

Vazio agudo
Ando meio
Cheio de tudo

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Sobre os 27:

Retrato antigo

Quem é essa
que me olha
de tão longe,
com olhos que foram meus?

Helena Kolody

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

O despertar


Busque encontrar e acalentar aquela felicidade dentro de si. Você é uma pessoa incrível! 
Tudo o que você precisa está dentro de si.
Promova mais instantes de felicidade e partilha consigo mesma.
O amor é algo que acontece num processo de dentro para fora. Seja ele em movimento.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017



Até hoje ninguém foi capaz
de medir o seu tamanho
Você é o caos
E o coração
Você é oceano
E furacão
Te desvendar 
é para quem não teme


Mulheres Infinitas 

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Crepúsculos dominicais

Tem dias que a vida é foda.
Foda  no sentido de te foder.

Você passa a vida inteira construindo uma base, um entendimento a respeito...
Você se esforça pra compreender que: você não precisa de mais ninguém pra ser feliz ou completa.
Mas tem horas que a fraqueza bate.
E você apanha.

Apanha quieta, reagindo com taquicardia, com uma aflição que aperta o peito, e você não sabe como se livrar daquele sentir que te oprime, ocupa tua cabeça, acaba com tua respiração.
Você começa a desacreditar e, mais do que isso, duvidar de tudo que você sabe, acredita e construiu.

Um medo descomunal toma conta de ti, como se ninguém, nunca, jamais, fosse gostar do que você é. Como se jamais fosse possível alguém te olhar de novo com carinho.
A sensação de angústia vai tomando conta de ti, e você cria a certeza que nunca será digna de ser amada.

No meio da tormenta, um momento de insanidade vem me resgatar de mim, e berra a plenos pulmões: para que ser amada? porque essa necessidade? você precisa, primeiro, se amar! Antes de tudo é você consigo. E mais ninguém.
Por breves instantes respiro aliviada, mas logo o silêncio volta, e eu me deixo absorver pela minha mente atormentada.

Não entendo o porque, mas domingos a noite tem gosto de desespero para minha boca seca.

terça-feira, 18 de julho de 2017

Gratidão é um verbo

Hoje sou grata.

Grata pela vida que tenho. Pelas conquistas que obtive.
Por ser quem sou. Por estar onde estou.
Grata por ter uma família que me ama. Por poder fazer o que me faz feliz.
Poder ser o que sempre sonhei. Escolher ser uma pessoa do bem. Seguir feliz nessa caminhada que escolhi para mim.

Se hoje eu morresse, olharia para tudo que fiz, tudo o que me forjou, tudo o que me transformou, e falaria: valeu a pena!

Cada lágrima, cada angústia, cada aflição, raiva, desolação.
Mas principalmente cada sorriso, cada conquista, cada superação.
Aquelas  coisas inesquecíveis: a primeira graduação. O primeiro emprego na área sonhada. A primeira viagem paga com o meu dinheiro. O sorriso de orgulho da minha mãe. A felicidade em ver meus irmãos se encaminhando.

Poder chegar no fim do dia, exausta da rotina cheia, mas feliz pelas escolhas que tive.

Sempre quis sentir isso: felicidade plena por ser o que sou.
Sou grata pelo que batalhei pra ser. Me orgulho do que me tornei.

terça-feira, 11 de julho de 2017

But happiness isn't always the best way to be happy

Tenho quase vinte e sete.

E ainda me orgulho das pequenas vitórias cotidianas.
Como quando eu me posicionei e disse o que queria para mim, o que gosto e o que pretendo. Sem culpa. Sem pressão.

Parece simplório, né?
só eu sei como foi dolorido o processo de amadurecimento.
Ainda bem!

Um dia de cada vez


Inside all of us is Hope



Where the wild things are.

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Os outros também te definem

Peculiar significa característicoespecial, algo que é próprio de uma pessoa ou coisa. Em alguns casos, a palavra peculiar pode ter um sentido depreciativo, sendo usada como um sinônimo de estranhoesquisito ou invulgar.





"Encontrar nos outros coisas que são nossas produz identificações e é apaziguante. 
Mas encontrar em si mesmo alguma coisa que ninguém mais tem é libertador.
É na diferença em relação ao outro que, de fato, nos apropriamos da nossa própria existência"

Ana Suy

16/06/2017

Hoje eu quero dar parabéns á você, que está digitando palavra por palavra.
Você se superou.
Depois de praticamente morrer chorando achando que não encontraria amor próprio, depois de viver um relacionamento abusivo e desgastante, você se superou.

Porque a vida não é determinista.
Ainda bem!

Você percebeu que não é assim que funciona.
As pessoas não podem te usar como bem querem.
Você não merece isso.
Não é lógico uma pessoa dizer "não te quero mais" e depois vir te procurar.
Não é justo com você se permitir que ela te acesse.

Não tem nada a ver com dar o troco, ser rancorosa.
Tem a ver com você lembrar de si mesma. E não permitir que ninguém te machuque.
Você vale muito, e ninguém pode te dizer o contrário.

Hoje, o que você fez, foi falar isso: ninguém vai me machucar!
Ninguém vai brincar com o que eu sinto, com o que eu quero, com o que eu sou.
Parece simples, né?
Mas só a gente sabe como não é.
Só a gente sabe como foi difícil falar não.

Porque o caminho até aqui foi doloroso.
Durante muito tempo, você achou que não era assim que funcionava.
Você se permitia ser deixada de lado.
Você se permitia ser a segunda opção de alguém.
Você entendia que o amor era construído dessa forma.
Afinal, o que você viveu até agora, foi isso.

Amor nada tem a ver com dor.
Se tá doendo, tá errado.
Alguém te amar não significa que você vá acatar tudo o que essa pessoa disser ou fizer.
Não.
E se alguém for assim com você, questione também!
Ninguém merece esse limbo de ostracismo e migalhas.

Amar é liberdade.
Ser livre, e admirar a liberdade do outro.
Baseando-se na confiança, no respeito e na admiração que um nutre pelo outro.
Não aceite absolutamente nada diferente disso.
E sempre, sempre que titubear, venha reler isso.

Parabéns, garota.
Você percebeu que você é muito, pra ser insuficiente pros outros.





terça-feira, 30 de maio de 2017

Quero pedir desculpas à todas as mulheres que descrevi como bonitas antes de dizer inteligentes ou corajosas. Fico triste por ter falado como se algo tão simples que nasceu com você fosse seu maior orgulho quando seu espírito já despedaçou montanhas. De agora em diante, vou dizer coisas como: 'Você é forte!' ou 'Você é incrível!'. Não porque eu não te ache bonita, mas porque você é muito mais do que isso

- Rupi Kaur
Outros jeitos de usar a boca

sábado, 20 de maio de 2017

Para nunca esquecer.

Ultimamente, ao ler e entrar cada vez mais em contato com feministas lésbicas eu passei a enxergar minha sexualidade por outra ótica, e passei a enxergá-la como um obstáculo à minha real emancipação. É incrível a lucidez das lésbicas pra falar de gênero, ou melhor, é incrível a lucidez de mulheres que se libertaram da manipulação e da necessidade de aprovação masculina pra falar de gênero.
Sou majoritariamente heterossexual, e com isso quero dizer que já me apaixonei por mulheres e sou aberta a envolvimento afetivo com mulheres, porém a maioria esmagadora das vezes que me apaixonei na vida, e a maioria de todas as minhas experiências até hoje foram heterossexuais. Não consegui ainda descobrir até que ponto a socialização feminina e a heterossexualidade compulsória, às quais fui submetida desde o nascimento, influenciaram a vivência da minha sexualidade. Acredito que essa descoberta seja um processo e, nesse ponto do caminho, me identifico como bissexual, majoritariamente heterossexual.
Ser uma mulher negra e feminista em um relacionamento hétero é um misto de incompletude, abuso, inquietação e culpa. É uma prisão que a minha consciência de que todo relacionamento heterossexual será, em algum nível, abusivo não me blinde de me apaixonar por homens. Cada vez mais em relacionamentos heterossexuais eu sou colocada diante de uma verdade dura que eu não queria realmente acreditar: os homens não amam as mulheres.
Não, os homens não nos amam, não são capazes de algo tão grande por nós. Não são capazes de se deixar por nós, de se abandonar, de abandonar seu lugar de privilégios por nós.
A assimetria que eu enxergo nos relacionamentos heterossexuais é perversa: os homens são socializados pra independência, pra manipulação e pro abuso; e as mulheres, pra dependência, pra carência e pro perdão, assim os dois lados se completam em prol da manutenção do domínio masculino. Essa assimetria é cruel porque faz com que as mulheres se deem muito fácil, faz com que perdoem sempre tudo e que sempre carreguem sozinhas o fardo da manutenção do relacionamento. Ao mesmo tempo faz com que os homens ocupem a posição de conformidade, de “errei de novo, mas me desculpa, sou homem, estou tentando”, o homem se sentirá suficiente, sentirá que já está fazendo muito por apenas tentar e nos manipulará todo o tempo para acreditar que nós é que somos muito difíceis e exigentes. Aqui é importante destacar que ele não trabalhará sozinho nessa manipulação, contará com forte e indispensável ajuda da sociedade patriarcal que, à todo tempo naturaliza abusos em nossa cabeça e faz com que sintamos culpa por não aceitá-los.
Cresci, como muitas meninas, envolta em um ambiente familiar em que observei acontecerem muitos relacionamentos abusivos à minha volta, e foi a partir dessa observação dos abusos cotidianos da vida conjugal que hoje eu entendi o lugar que acabei ocupando dentro de relacionamentos abusivos. Cresci vendo minha mãe, minhas tias, vizinhas, perdoando, sempre e sistematicamente se anulando e aceitando abusos em nome da manutenção de um relacionamento que não era bom pra elas, mas quem eram elas sem um homem do lado? Nós temos medo da solidão, e por isso nos submetemos a tudo, porque nos ensinaram que nada pode ser pior que estar sozinha. Para a sociedade patriarcal uma mulher solteira e que distoa, em algum nível, dos padrões impostos de beleza e feminilidade é a materialização do fracasso e da infelicidade. Sim, é essa a resposta: suportamos e mantemos o que não queremos por medo.
Hoje acredito que aprender a lidar com a solidão talvez seja a única ferramenta efetiva contra relacionamentos abusivos. Aprender a ser só não é uma arma com a qual sou capaz de enfrentar o patriarcado de peito aberto e sair ilesa, mas um escudo com o qual posso alterar minha realidade individual. Estar só nos traz consciência, discernimento, traz força e coragem também. Estar só me trouxe o discernimento de quando o relacionamento é bom pra mim, ou não, me trouxe consciência de que a minha solidão não é um fracasso, de que não preciso anular quem eu sou e me submeter a abusos para estar bem comigo mesma. Minha solidão é um processo de resistência à cultura patriarcal de domínio e de abuso masculino sobre meu corpo e minha humanidade.
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Aprendemos desde cedo que a mulher é quem deve prezar pela manutenção do lar, a qualquer custo, a custo da própria liberdade, dos próprios sentimentos e saúde emocional. Crescemos aprendendo que a mulher deve ser tolerante, que devemos “segurar o homem”, que devemos ser flexíveis e aceitá-lo como ele é porque “homem é assim mesmo”, que devemos ter saúde emocional e paciência além da conta pra aguentar “a natureza selvagem e viril do macho”. 
Eis aí parte  da desgraça da feminilidade.
A nossa desgraça é bonita, a gente aprende a confiar e a perdoar muito facilmente e isso é bonito, tudo isso é, na verdade, super bonito. Tudo isso que a gente sente, toda essa nossa capacidade de amar, de se dar é de uma confiança absurda. Nós compartilhamos com os homens a beleza da nossa desgraça e acreditamos que eles podem entendê-la, acolhê-la, que podem nos amar. Nós damos aos homens uma confiança que eles não merecem, e lhes dedicamos um amor de uma grandeza que eles não tem a capacidade de valorizar. Acreditamos, sempre, e de novo, e outra vez, que tudo pode ser diferente, há uma beleza nessa inocência, uma beleza cruel, uma beleza perversa, uma beleza que sangra e que nunca cicatriza.
Uma coisa que eu aprendi é que os meus sentimentos e minha desgraça, nada disso nunca vai estar acima do privilégio masculino. No fim os homens sempre vão agir se priorizando, foi o que eles aprenderam a fazer, e a gente sempre vai agir se secundarizando, é o que a gente aprendeu a fazer. A manipulação masculina se apresentará de formas sutis: frieza, chantagem emocional, silêncio. E, se não estivermos atentas, nosso amor servirá à manutenção do patriarcado, e a manipulação masculina será capaz de inverter o sentimento de culpa sempre pro nosso lado.
O “amor” masculino precisa da nossa obediência, subserviência, da nossa submissão e servidão sexual pra se manter. O “amor” masculino é muito necessitado da nossa objetificação, consequentemente, da nossa desumanização. O “amor” masculino é algo muito despreocupado com o nosso cuidado, com os nossos sentimentos. O “amor” masculino é extremamente volátil e egoísta, é algo capaz de sumir num passe de mágica em nome da manutenção dos próprios privilégios.
E foi nesse processo de vivência de todas as nuances em que pode se apresentar o abuso e a manipulação masculina dentro de relacionamentos heterossexuais, que eu por fim entendi. Entendi que devo matar essa beleza dentro de mim, devo resistir à feminilidade que me foi imposta e me colocar sempre em primeiro lugar. Devo me priorizar, me ouvir, estar atenta aos meus sinais. Devo parar de me preocupar com os homens de uma forma que eles jamais serão capazes de se preocupar comigo. Dentro de um relacionamento heterossexual, devo ser mais egoísta, devo reverter grande parte do meu cuidado com o outro em auto cuidado. Devo ser “complicada” “difícil” e “exigente”, porque tudo isso é por mim.
Um homem que quisesse nos amar deveria entender tudo isso, deverá entender que a assimetria socialmente imposta pede como resposta que tentemos construir, em esfera micropolítica, um relacionamento contrariamente assimétrico. Devemos resistir aos comportamentos padrão de feminilidade e masculinidade para tentar tornar a relação homem-mulher não-sistematicamente abusiva. Os homens deverão sim priorizar sempre o que a gente sente com relação ao que eles fazem, e não sempre jogar de novo nas nossas costas o peso e a responsabilidade de lidarmos sozinhas com as nossas inseguranças.
Isso não é amor, isso é egoísmo , isso é controle e isso é domínio masculino.

texto copiado desse link aqui. Negra Solidão. 

terça-feira, 9 de maio de 2017



Ter fé e ver coragem no amor 

sexta-feira, 21 de abril de 2017

sábado, 15 de abril de 2017

E se tudo correr bem, em algum momento, aprende-se: a secar as camisas no cabide, a não se deixar tocar pelas palavras de qualquer pessoa, a colocar um pouco de vinagre na água ao cozinhar ovos, a ouvir o que o outro diz para além do próprio umbigo, a guardar as chaves dentro de um lugar específico na bolsa, a dosar uma boa porção de liberdade ao desejo de fazer dois virarem um no amor. Sutis descobertas que, postas em prática, nos levam a ganhar um bom tempo na vida.

- Ana Suy

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Processando

É louco como os dias passam, e você não elabora ao certo. Só vai sentindo, seguindo, vivendo.
Pensa uma coisa aqui, outra ali. Coloca como as coisas são. E assim vai sendo...

Mas você sabe que tem algo ali, adormecido, bem quieto.
Você não sabe o que falta, o que incomoda, o que estranha. Tem horas que é uma bosta estar sozinha. Tem horas que tudo está muito fora da ordem. Tem momentos que você está bem, e as coisas seguem bem.

Não faz sentido. É, você não costuma querer sentir nem fazer sentido. Bem no fundo você gostava de ser assim também.
Mas tem algo que te intriga. Tem algo que te inquieta.
Não se sabe como aparece, nem como vai embora.
Não te entende como mexe tanto contigo, essa coisa louca que não tem nome. Essa coisa estranha que te consome.

Tentar compensar com coisas vazias e simplórias. Logo tu, que sempre foi intensa e gosta de viver cada sentimento até o fim.
Beber, foder, rir de coisas banais, seguir no automático sem elaborar o que te faz estar assim.
Já conseguiu entender porque toda essa confusão?
Será que isso uma hora acontecerá?
Será que existe um motivo para isso?

O que te inquieta? O que te incomoda? Pra que tanta pergunta?
Buscar em si a resposta talvez não seja o mais simples. Mas com certeza, será o mais acertado.
Por onde começar, você não sabe.
Mas ficar correndo em círculos já fez você se perder.


A melhor forma de foder. 

segunda-feira, 27 de março de 2017

Machadeando

E com uma letra bem pequena, lá estava escrito no seu epitáfio: tentou ser, não conseguiu; tentou ter, não possuiu; tentou continuar, não prosseguiu; e nessa vida de expectativas frustradas tentou até amar…
Pois bem, não conseguiu e aqui está.
|
DOM CASMURRO | MACHADO DE ASSIS

sábado, 25 de março de 2017

Quando há ferrugem no meu coração de lata. Quando a fé ruge e meu coração dilata.

- OTM

segunda-feira, 13 de março de 2017


Tu

Tu
é trevo de quatro folhas
manhã de domingo à toa
Conversa rara e boa
Pedaço de sonho que faz meu querer acordar
Pra vida

Tu
Que tem esse abraço
casa
se decidir bater asa
me leva contigo pra passear
Eu juro
Afeto e paz não vão te faltar

Ah.
Eu só quero o leve da vida pra te levar
E o tempo para,
Ah
É a sorte de levar a hora pra passear
pra cá e pra lá
Quando aqui tu tá.

- Anavitória - Trevo

sábado, 11 de março de 2017

Pequenos prazeres

Poucas coisas nessa vida me dão prazeres tão extasiantes.
Acho que, talvez, eu seja daquelas difíceis de agradar, que fica constantemente inquieta e busque sempre mais.
Ou talvez eu seja daquelas pessoas que sabe o potencial que a vida pode oferecer, e não se deslumbra com qualquer coisa.

O fato é: poucas coisas nessa vida me dão tanto prazer quanto, por exemplo, fechar o blackout da cortina.
Explico.
Minha rotina é daquelas atribuladas. Que eu tenho que parar pra pensar, senão, faço tudo no automático. Corro o dia inteiro. E gosto muito disso!
Mas, durante a semana, durmo pouco. Isso faz com que eu sinta uma dificuldade descomunal para acordar, e sinta sono sempre.
Como estratégia da minha própria dinâmica de vida, durmo com a cortina aberta. Todos os dias. Para ser acordada pelo sol, ou no caso de Curitiba, pela claridade.

Fechar o blackout, para mim, é uma redenção!
Significa a paz do sono tranquilo e sem hora para terminar. A falta de pressa e coisas urgentes a serem feitas. Um presságio de calmaria e serenidade nessa vida atribulada que levo.

Bobo é aquele que se deslumbra com coisas materiais, com o momentâneo e temporário.
Ostentação mesmo é dormir 8h por dia, com blackout fechado.

segunda-feira, 6 de março de 2017

Pra ver se entendo

Faz tempo que não apareço por aqui. 

Tenho tentado sintetizar e canalizar as emoções de outras maneiras.

Afinal, a vida não pode parar em virtude de uma decepção. Ainda mais desse porte. 
Tenho seguido aquela cartilha de 'cabeça ocupada' para não pensar em besteiras.
Tem dado certo? Não muito. Mas uma hora vai ter que dar
Voltei pra terapia.
Voltei pra academia

Voltei a olhar pra mim. 

E isso é mais complexo do que eu imaginava. 

Passei a me perguntar: Em qual momento me deixei de lado? 
Como pode isso acontecer? Se deixar de lado, se anular. O inconsciente é algo muito louco. 

Logo eu. Feminista, que discute violência de gênero, relacionamentos abusivos e tudo mais. Se permitir cair numa coisa tão besta como essa. 

Isso foi um tapa na minha cara, pra me mostrar que por mais informação, por mais conhecimento e estudo, você nunca estará imune a isso. Você é uma pessoa, carne, alma, coração. Ainda bem! E você sempre estará sujeita às dores do mundo. 
É claro que seria ótimo não passar por isso. Mas têm coisas que são inevitáveis. 

Dói?
E como!


É horrível essa sensação bosta de que você foi feita de besta, passada para trás, manipulada, que usaram seu sentimento e seu coração. 

Mas a culpada não é você. 
E sim quem fez isso contigo. 

Que bom que você ainda sente, sofre, chora, se entrega. Isso significa que você tá viva, se dispondo a dar para o mundo o que você tem de bom. 

Você não pode se fechar para o mundo por conta do que fizeram com você. 
Você não pode generalizar achando que será sempre assim. 

Ok. É compreensível que você esteja se resguardando, se preservando. Inclusive, é necessário. 

Entender que existem outras dinâmicas além daquela que você julgava conhecer e ser a certa. Olha que coisa boa. Afinal, não é pra isso que estamos aqui? 

Mas não se reduza ao que fizeram contigo. 

Não permita que isso interiorize e faça com que você se afaste daquilo que você acredita. 
Você merece muitas coisas boas. Lembre sempre disso. Uma hora as coisas voltarão. 

"Não adianta nos esforçarmos para sermos amados, pois o que causa amor no outro é aquilo que somos sem perceber. É aí que o amor nos interessa, nas notícias ocultas que traz de nós."



terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Desaguar

"Dizem que antes de um rio entrar no mar, ele treme de medo. Olha para trás, para toda a jornada que percorreu, para os cumes, as montanhas, para o longo caminho sinuoso que trilhou através de florestas e povoados, e vê à sua frente um oceano tão vasto, que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre. Mas não há outra maneira. O rio não pode voltar. Ninguém pode voltar. Voltar é impossível na existência. O rio precisa de se arriscar e entrar no oceano. E somente quando ele entrar no oceano é que o medo desaparece, porque apenas então o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano, mas de tornar-se oceano".

Osho

sábado, 4 de fevereiro de 2017

domingo, 29 de janeiro de 2017



Já diria Saramago: O caos é uma ordem por decifrar.

As coisas aparentam estarem todas fora do lugar.
As bagunças se espalharam para todos os aposentos, e você não sabe por onde começar a arrumar.
É difícil. Parece que você vai viver para sempre no meio dessa coisa estranha.
Você não sabe pra onde correr, e ao mesmo tempo, já cansou de tentar organizar.
Bem no fim, você pondera permanecer ali, daquele jeitinho. Afinal, já está há algum tempo assim.

Já te adianto: não vai dar certo.

Deixa o caos vir, se insere dentro dele, vivencia tudo o que ele pode te oferecer.
Permita se descobrir.

Mas depois, reorganiza tudo. Mesmo que seja pra deixar fora de outra ordem.
Mas não deixe ninguém ditar como deve se dar a sua mudança

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Dos escritos que precisam ser entendidos, e sobretudo, guardados

MEXENDO NO FORMIGUEIRO - SOBRE AS HISTERIAS

Eu queria mexer no formigueiro? Não, eu não queria mexer no formigueiro. Mas a cada postagem que faço sobre a histeria, ou se posto algum trecho de Freud ou de Lacan (e basicamente só tem isso no meu facebook), aparece alguém com um discurso feminista pautado numa leitura psicanalítica gravemente equivocada, fazendo críticas descabidas à psicanálise. Pois bem, então talvez eu deva mexer no formigueiro.
Histeria é uma palavra que vem do grego, "hystero" e que significa útero. Vocês sabem que historicamente as mulheres são vistas como loucas, né? Mas por quê? Porque tem alguma coisa nas mulheres que o pessoal não consegue explicar. Hormônios, maternidade, possessão demoníaca, bruxaria... ao longo da história houve e continua havendo várias tentativas pra explicar por que somos diferentes dos homens, que acreditam que construíram uma boa parte da história.
Pois bem, eis que a histeria nasceu de uma tentativa de explicação, no tempo de Hipócrates, baseada numa crença mais ou menos assim (há várias versões), de que o útero virava de ponta-cabeça e o sangue menstrual subia pra cabeça. Aí as mulheres ficavam loucas. A ideia de associar a histeria à mulher é herdeira dessa historinha.
De lá pra cá é claro que a medicina avançou, Freud apareceu e hoje se sabe que não é disso que se trata a histeria. Sabemos também, há muito tempo, que há homens e mulheres histéricos.
Mas tem alguma coisa que conecta histeria e feminilidade que vai para além dessa herança histórica.
A ideia do senso-comum de o que é uma mulher, que diz da fulana insatisfeita, que quer o impossível, que quando consegue o que quer descobre que na verdade o que queria era outra coisa e outra e outra e outra - não está associada à loucura, mas à estrutura do desejo.
O desejo, como conceito psicanalítico, não tem objeto. Então a gente fica querendo algo que não sabe o que é, aí diz que é isso e que é aquilo como tentativa de nominar o inominável - e por isso temos o que fazer na vida, porque a gente nunca para de querer alguma coisa. O desejo, em psicanálise, por excelência, é histérico. (Por isso Lacan diz que é preciso histericizar o discurso para que alguém entre em análise.)
Se costuma-se falar da histeria, no feminino, e não no masculino, não é porque hajam apenas mulheres histéricas, mas porque há uma intimidade entre histeria e feminilidade.
Mas vejam, prestem atenção, em psicanálise, a feminilidade não é determinada pela biologia do sexo, mas é um modo de construir uma resposta para a pergunta "quem sou eu?", que toda criança faz - na melhor das hipóteses - ainda que de modo inconsciente.
Freud disse que os sujeitos masculinos são aqueles que se identificam aos que têm o falo e que os sujeitos femininos são aqueles que se identificam aos que não têm o tal do falo.
Aí, nesse ponto, beeeeem nesse ponto, a gente tem um equívoco muito grave e comum na leitura que algumas pessoas fazem na teoria freudiana, que é uma CONFUSÃO de falo com pênis.
E nisso a psicanálise lacaniana é bastante esclarecedora. (Para quem se interessar pelo assunto: leiam o texto do Lacan chamado "A significação do falo").
O fato é: O FALO NÃO É O PÊNIS.
O pênis é apenas um dos representantes possíveis para o falo, assim como vários outros significantes são substitutos fálicos, tais como dinheiro, diploma e tudo aquilo que tem valor para o Outro em nossa cultura.
Acontece que, por questões articuladas à nossa civilização, o pênis tem um valor elevado, levando assim, muitos homens (e mulheres) a acreditarem que o pênis é o falo.
Acontece que NINGUÉM tem o falo. Mas quem se constrói de modo feminino, e nós chamamos de mulheres, sabem bem disso. Já os sujeitos a quem chamamos de homens, tendem a ser mais enganados.
Os seres masculinos, ditos homens, levam o pênis muito a sério. Tanto é que, é comum (infelizmente) que mulheres frígidas passem a vida toda sem sentir prazer sexual e sem reclamar, enquanto que, para os homens, a impotência sexual é o FIM DA VIDA. Inclusive, no senso-comum, é recorrente que as mulheres digam aos homens "pense com a cabeça de cima". Sim, eles creem que têm o falo e que a cabeça de baixo é muitíssimo importante.
Entendo que é nesse ponto que os movimentos feministas devem focar, na separação entre falo e pênis. E não na crença de que o falo é mesmo o pênis, o que leva algumas mulheres a uma certa misandria.
Não acredito que o machismo possa ser bom pra alguém. Acho que ele é devastador para mulheres e para homens também. O machista precisa provar sua virilidade o tempo todo, precisa de uma grande dose de libido pra ocultar seus sentimentos, precisa objetalizar todas as mulheres - e ainda salvar a mãe - e tem que ter uma boa dose de homossexualidade em precisar amar tanto um pênis para poder existir. Por isso não é de se surpreender que muitos homens machistas sejam homofóbicos - é preciso aniquilar fora de si aquilo que não se consegue aniquilar dentro.
Entendo que a genialidade da contribuição psicanalítica de Freud e de Lacan é colocar o feminino, não como pertencente ao campo das mulheres, mas em colocar o feminino como enigma, como um além da lógica fálica.
Lacan pôs a feminilidade não como para quem falta algo (tal como era em Freud), mas como alguém que tem um excesso de gozo. A mulher lacaniana é aquela que não se contenta com a lógica fálica, porque sabe que há mundos e fundos para além disso.
A sexualidade feminina, nas teorias de Freud e de Lacan, não aparece no sentido binário da coisa, mas como um excesso, que aparece como enigma.
E o genial disso é que esse enigma, ao invés de ficar presente apenas no campo da histeria, na teoria psicanalítica pode aparecer do lado homem também.
Só que na masculinidade essas questões tendem a ficar mais abafadas, visto que a tal virilidade os leva a acreditar que o pênis é mesmo o falo. Um grave engano, que tem seu preço.
Os homens mais advertidos, que, muitas vezes são os que fazem análise, sabem bem desse engano e tendem a poder ter contato com esse impossível que mora neles também. Estes, que não têm tanto medo da queda da virilidade, paradoxalmente, são os mais viris.
A grosso modo, me arrisco a dizer que histéricos são os sujeitos que podem acessar os enigmas em si. Longe disso caracterizar misoginia ou reproduzir padrões culturais de machismo, entendo que os histéricos são aqueles que têm juízo e por isso têm medo do abismo - mas não recuam diante dele.

Ana Suy

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

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Ainda que o tempo passe e você ache que nunca mais, eu vou ser toda sua.
Ainda que não lembre meu gosto e não reconheça meu rosto, ainda que evite pensar.
Ainda que nesse momento você não se sinta capaz, eu vou ser toda sua.
Ainda que esteja sem força, a água secando na boca, ainda que tema se olhar.
Queira, acredite, me aguarde: eu vou ser, de verdade.
Ou eu vou ser toda sua ou não me chame…
Ainda que essa ventura pareça distante demais, eu vou ser toda sua.
Ainda que me imagine dos outros, prazer e alegria dos outros e maldiga a hora em que me desejou.
Queira, acredite, me aguarde: eu vou ser, de verdade.
Ou eu vou ser toda sua ou não me chamo, ou não me chamo…
Felicidade.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Resoluções.

Mais um ano que se renova. Cheio de possibilidades, todinho em branco, para que possamos escrever nossa história.

Resoluções de ano novo sempre me animaram. Pensar no que posso ser, no que posso fazer.
São tantas coisas!
Pensar que tenho novas oportunidades, e tudo depende de mim.

É também uma responsabilidade sem fim.
Mas a vida fica muito mais emocionante quando sabemos o que queremos, e o que precisamos fazer para atingir aquela meta.
Escrever listas, pensar no que se deve fazer. Mirar num futuro.

É isso que nos move!

Se não tivermos uma meta, se não houver algo que nos impulsione, não saímos do lugar.
Não fazemos metas para os outros. Fazemos para nós mesmos.
Gosto muito de chegar ao fim do ano, abrir minhas listas que fiz no começo daqueles 365 dias, e ver o que fiz, o que deixei de fazer, e ponderar: pq não consegui? O que consegui?

Agora é hora de elaborarmos novas ideias.
<3 nbsp="" p="">O negócio é colocar a mente para produzir e identificar o que te move.

Que 2017 seja incrível!