Por mis propios ojos

De blusinha branca, sem sutiã, cílios esticados com muito afinco, cabelo meticulosamente desgranhado e aquela maquiagem super elaborada para dar um ar de 'acabei de acordar, sou naturalmente bela'

Saía pela rua assim.
Olhos amendoados, expressivos. Se comunicava com o mundo apenas por eles.

Sorriso fácil.
Fones no ouvido, sendo embalada pelo swing hum e meio.


O relicário vazio demonstrava que ainda estava a procura de alguém especial para ser colocado ali.


Perspicaz, sua imaginação lhe proporcionava diversas emoções, que muitas vezes não sabia distinguir o real da fantasia. Vivia assim, um pouco em cada mundo.
Parecia que quanto mais o tempo passava, mais ela teimava em permanecer imutável. Queria viver para si, em seu mundo.

O all star surrado e sujo demonstrava seu desleixo, tanto oprimido pela mãe. Mas não abandonava seus fiéis escudeiros. Eram seus melhores companheiros, nos dias mais gostosos de sua vida...

Uma porção de correntinhas, cada uma dada por uma pessoa diferente. Não combinavam entre si, mas tinham um ar gracioso em torno de seu pescoço. Anéis, pulseiras, relógio, três pares de brincos e um alargador... Um bando de cacarecos que compunham o seu ego e seu eu.


Era apática e indiferente com relação a julgamentos exteriores.


Para ela, o que de fato importava eram as sensações provenientes de cada momento. Incrível como era o modo que elas batiam em seu peito. Enchia-lhe de ternura. Tinha a vontade súbita de sair distribuindo sorrisos.



Apenas isso lhe fazia feliz.