terça-feira, 30 de junho de 2020

102º Dia

Precisamos conversar sobre a exaustão causada por essa pandemia.
Desde que começamos com o Home Office, eu nunca mais tive um momento de paz.
Minha jornada de trabalho aumentou exponencialmente, embora tenha entrado em redução de carga horária e salarial.
Eu passo horas a fio em frente ao computador. Não consigo sair, não consigo alongar minhas costas.
Minha vida se resume entre minha cadeira do pc e minha cama.
Estou num ritmo nem um pouco saudável.
Edições de vídeo, colaborações, preparação de aula, currículos, matrizes, aulas online. Tá demais.
E quem disse que vou reclamar? Jamais.
Tenho medo de perder o emprego. Vou fazer tudo que a chefe mandar e ainda sorrir.
Por dentro queimo de ódio.
São nessas coisas que o capitalismo vence, maldito. Essa exploração desenfreada, o medo do trabalhador encurralado pela pressão cotidiana.
Não tem saúde mental.
Não tem saúde física.
Não tem tranquilidade.
Sobra desgaste e ansiedade nesses dias intermináveis.
Previsão de Lockdown para o PR. A impressão é que nunca mais sairemos de dentro de casa.
A angústia e o medo, em determinados momentos, tomam conta.
Só não se apoderam mais porque não dá tempo de pensar tanto.
É isso que o sistema faz: te engole.
Você vira engrenagem do sistema e não pode reclamar. Nem consegue, na verdade.
Relativizamos mortes. Passamos das 58 mil. Banalizamos a vida, banalizamos os números. Estamos largados a nossa própria sorte. Seja no Micro, seja no Macro.
E diante disso tudo, eu só consigo pensar: o que vai ser de nós?

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