domingo, 26 de abril de 2015

Epitáfio

Já faz dias que estou para vir colocar isso aqui. 
Pois bem, como todos sabemos, um dia, morreremos.
E eu, como ótima virginiana que sou, metódica e perfeccionista, preparei uma lista de coisas pra esse acontecimento. 

1- exijo que, independente de como eu morrer, quero que meus órgãos vão para doação. Caso nada preste para alguém, doem para escolas de medicina que precisam de peças.

2- não quero ser cremada. Quero ser enterrada. MAS , em cima do meu tumulo quero uma árvore bem bonita, que dê flores várias vezes ao ano. Algo como ipê amarelo, cerejeira japonesa. Algo bem alegre. Sem árvore, sem enterro. Entenderam? Plantem a árvore pra que eu vire adubo, e preste pra algo, pelo menos depois de morta. 

3- no meu velório quero música. E das boas. Peguem meu iPod, coloquem no modo schuffle e morram rindo com o meu mau gosto musical. Música não fica boa sem cachaça. portanto, levem vinhos bons. Espero morrer no frio, ai tem pinhão nessa lista também.

4- quero que todos, todos que forem lá ver esse corpitcho esticado, se digne a dar um depoimento sobre algo nosso. Afinal, o que o levou ali? Porque cargas foi ver um corpo fedorento? O mísero do motivo deve ter. Compartilhe com as pessoas ao seu redor. E comigo também. Com toda a certeza estarei ouvindo de algum lugar. 

5- quero que façam uma despedida umbandistica. Lembram que falei da música? Levem atabaques. Preencham aquele vazio mórbido com os sons lindos da percussão. 

E avisem a todos. Gosto de pessoas, gosto de estar entre as pessoas, gosto de falar com as pessoas. Não façam dessa data um luto, independente do motivo da morte. Quero alegria, hoje é sempre. Com boas doses de resmungos e reclamações. Senão, não serei eu. 

No "in memorian ", coloquem a frase que até lá pretendo ter tatuado: que nada nos defina. Que nada nos limite. Que a nossa liberdade seja nossa própria substância. - Simone linda de Beauvoir. Porque é isso que sou, livre.

Agora... Vamos aproveitar a vida, porque eu realmente espero demorar pra morrer.

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